A vida necessita de pausas…

Written by: Destaque Literatura Resenha de Livros

Minha amiga Paula Jones e eu tínhamos um lema de vida tomado emprestado de algum filme – que confesso não lembrar qual: tudo se resolve com uma boa xícara de chá.

Essa analogia carrega em si a ideia de que nos momentos difíceis, de indecisão, frustração ou dor, sentar-se com uma amiga e conversar – na companhia de um chá – ajuda a equilibrar a balança do coração.

E assim nós fizemos algumas vezes – antes de ela se mudar para outro estado e, tempos depois, me trocar oficialmente por um americano muito bacana, careca e tatuado (mas isso é história para outro momento).

Quando tive contato com o livro “Aceita um chá?”, obra de estreia da autora brasileira Zoé Avillez, sabia que o convite carregava mais do que apenas acolhimento. E também estava certa – por pura intuição – que não sairia incólume da experiência proporcionada naquelas páginas se abrindo diante de mim. Para adquirir a obra e prestigiar o trabalho da autora, entre em contato pelo Instagram @zoeavillez e peça o seu exemplar autografado.

Detalhe importante: elas estão cheias de histórias, significados, presença de Deus, vida comum, sonhos e renúncia. Exatamente o que eu precisava.

Sim, a leitura foi deliciosa. Leve, rápida, dinâmica, espirituosa, profunda. Tanto é que li metade do livro durante um voo de 2 horas de Salvador para São Paulo. Apesar disso e também por isso, seu conteúdo exigiu mais desta alma melancólica aqui.

Passear pelas páginas de “Aceita um chá?” me fez sentir, de fato, como se estivesse conversando com uma boa amiga, capaz de entender algumas chateações aqui e ali, que ora ou outra acontecem no dia a dia de qualquer pessoa. Mesmo as mais Pollyanas.

E também situações mais profundas e pontuais, daquelas que reservamos para dividir com poucas amigas e de forma mais intimista. Nestes momentos, elas nos acolhem, nos acalentam, nos aconselham, nos ouvem. Pouco nos julgam, muito nos compreendem. Muitas vezes passam pelas mesmas angústias e reflexões. Não é à toa que o subtítulo da obra é “uma conversa entre amigas”.

Zoé é tão humana e suas palavras tão hospitaleiras. As leitoras sentem ter ganhado uma nova e boa amiga.

Capa do livro “Aceita um chá?”

Bolsa de mulher e outras histórias

Alguns relatos são pessoais, de experiências vividas ou vistas de perto; outras trazem temas reais, dores de ontem e de hoje. E são independentes e ao mesmo tempo interligados entre si. Achei isso de uma delicadeza ímpar. Um verdadeiro misto de muitos chás (se me permitem o trocadilho).

Nos capítulos iniciais ela descreve e ilustra a bolsa de uma mulher. Sim, aquele acessório que amamos e enchemos de tudo e mais um pouco. Será que cabe um celular, uma carteira, uma agenda, um livro, um secador de cabelo e um sapato dentro dela? Possivelmente sim. Cabe de um pequeno espelho de maquiagem até um helicóptero. Confere aí o que há na sua.

O mais interessante desta metáfora, no entanto, é associá-la aos nossos sentimentos, pensamentos, expectativas. Se nosso coração e nossa mente estiverem tão cheios de utensílios, objetos e sei lá mais o quê, como nossa bolsa de ombro está, então o sinal amarelo acaba de ser aceso: estamos diante de uma encruzilhada.

É preciso jogar tudo sobre a mesa e reorganizar o mais rápido possível. Eliminar ou pelo menos reduzir ao máximo os excessos.

Noutro capítulo, intitulado “Não seja chata”, a autora diz que “meninas mimadas e chatas serão esposas cansativas”. E alerta para ficarmos quietas quando não tivermos nada de bom para falar.

“Adore a Deus. Ame as pessoas. Use as coisas.”

Certamente, aquelas mulheres que querem resolver tudo e têm resposta para tudo na ponta da língua tendem a se tornar um fardo para todos ao seu redor. E para os homens, então, isso significa estar à beira do abismo. Assim como não gostamos de homens grosseiros ou machistas, eles também sofrem diante da chatice crônica feminina.

Parênteses para o que um amigo sempre me diz: “Toda mulher é chata. Está no DNA feminino”. Eu discordo disso, mas na pior das hipóteses, está na hora de mudarmos o placar deste jogo (se de fato for verdade rs).

Palavras agradáveis são como favo de mel… Provérbios 16:24

Ao falar sobre hospedar pessoas (sobretudo amigos e irmãos de fé), ela nos brinda com a importância de não nos apegarmos à aparência da casa, dos móveis, da comida a ser servida. Não é porque não temos uma mansão com diversos empregados e um carro de milhões na garagem que não podemos receber pessoas e oferecer a elas o nosso melhor.

O que elas mais desejam é se sentir à vontade. E a nós cabe receber de coração aberto aqueles que não podem retribuir.

Onde há o amor a Deus, isso ficará nítido. E um simples almoço ou café pode se tornar inesquecível. E envolver outros.

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Capítulos e relatos excessivamente tocantes

E o que dizer do papel da mulher à luz da Bíblia em conflito com a sociedade pós-moderna conhecida hoje? Sim, a mulher foi criada por Deus para ajudar e cooperar. Acha isso pouco?

Algumas são protagonistas de muitas coisas – por seu talento, garra, esforço, dedicação, sobrevivência. E tudo bem, também. Não é necessário anular qualquer mérito alcançado. Mas se não houver em nós o entendimento e a disposição de ajudar e servir, parece termos naufragado (aos olhos de Deus) no que Ele determinou para nós. Nos apeguemos a isso!

O livro é dedicado à Lídia, irmã falecida da autora. Que mulher bem-aventurada! Se fosse uma personagem, seria daquelas inspiradoras.

Pelo relato que ela fez, era também uma mulher apaixonada por Deus, pela obra missionária e pela expectativa de ter sua própria família nuclear. Nas palavras registradas, o marido não veio, mas a vida lhe deu dois filhos por adoção. E ela, agarrando com todas as forças esse presente, fez o melhor que pode por eles até partir para os braços do Pai.

Noutro momento, a emoção ficou a cargo da história de Marzina Vidal. Uma mulher só, mas não sozinha. Abandonada pelo marido após 15 anos de casamento e com os filhos ainda bem pequenos, ela precisou de reinventar de várias maneiras.

Precisou fazer novas escolhas, olhar para o seu Criador como suficiente em todos os seus caminhos e afetos. Embora com arranhões, sobreviveu para contar e chegar até aqui. E se tornou uma mulher digna do nosso desejo de puxar uma cadeira à mesa e sentar-se com ela para um chá de esperança.

“Não obtive respostas quanto ao tempo. Mas obtive descanso. Hoje, desejo restauração, mas já disse a Jesus que Ele é tudo de que preciso. Eu estarei feliz só com Ele, até o fim, seja o fim que for”, trecho do livro

Incrível, não?

Outra coisa que amei no livro – justamente por ser uma leitora de clássicos e poesias – foram as citações de autores que sempre li.

Deus quer, o homem sonha, a obra nasce. Sim, Fernando Pessoa estava coberto de razão.

Por fim, mas não menos importante, tive a honra de conhecer a autora pessoalmente. Foi uma conversa rápida, mas creio que marcante. Ela parece, de fato, viver aquilo que escreve e prega. Isso torna qualquer narrativa impossível de ser desprezada.

E se você se sentiu tocada(o) ou entusiasmada(o) pela obra, entre em contato com a autora pelo Instagram @zoeavillez e peça o seu exemplar autografado. Tenho certeza de que depois desta xícara de chá, tudo será mais leve e menos assintomático.

Saiba mais no site: https://pelamanha.com.br/aceita-um-cha/

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Tags:, , , , , , , Last modified: 30 de novembro de 2022

Ellen Costa é o pseudônimo de Jucelene Oliveira, jornalista e escritora. Apaixonada por ouvir e contar histórias. Autora dos livros "Baque: você tem coragem de descobrir a verdade?" e "Crônicas da vida real", ambos disponível em e-book na Amazon. Idealizadora do Arte de Escrever. Instagram @ellencostaescritora