A chaleira apitava e o aroma do café, ao ser preparado, alegrava o ambiente. Era verão e o sol apontava longe. Os pássaros cantarolavam. Eu não imaginava que a sorte, em breve, mudaria e que a paz, mesmo com toda a diplomacia atual, cederia tão facilmente ao conflito.
Bastou apenas uma troca de olhares, de palavras e, de repente, a guerra foi declarada. Algumas tentativas de reconciliação foram tomadas, mas sem sucesso. E logo o tempo fechou e se tornou ameaçador.
“Cadê você, meu sol?”
Os pássaros… Não os vi e nem os ouvi mais. O café ficou amargo. Os semblantes se fecharam, as relações foram cortadas e seguiu-se o silêncio. Estratégias foram criadas, armas apontadas, o provimento de alimento foi interrompido. Sem almoço e sem janta, passei fome.
As primeiras horas se passaram. Era bomba daqui, era bomba de lá; mas não há feridos, há sim orgulho, que esquenta o sangue, cega e impede qualquer reconciliação.
Nas horas seguintes, continua a guerra como se nunca houvesse uma parceria entre os envolvidos.
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A noite, fria e solitária, logo chega e espanta o sono. As estratégias são revistas e corrigidas. Faz-se um levante da batalha e medidas mais eficientes precisam ser tomadas ao amanhecer.
“Quando um não quer, dois não brigam”, minha mãe sempre dizia.

Assim que amanheceu, levantei do sofá (com o corpo dolorido), corri para a cozinha e fiz um doce de brigadeiro. Com a bandeira branca, entrei no quarto. Minha esposa estava acordada com o semblante abatido, parecia que também não teve uma noite boa. Eu lhe entreguei o doce e fizemos as pazes.
“Obrigada, meu amor. Eu amo você “, ela disse.
“Era só isso?”, pensei.
Encerrada a guerra, ficou a lição: não devo dizer à minha esposa que ela está “fofinha”, quando estiver de TPM.
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Gente estou amando ler cada um deles. Que escrita ótima!
Leitura que te prende e faz ficar até o final. Meus parabéns.