Recentemente revi o filme “À procura da felicidade” (drama, 2006, EUA), que conta a história real de um homem chamado Chris Gardner (Will Smith), um americano que passou por muitas fases na vida: de homem comum e de família, teve um período vivido praticamente na mendicância, para depois tornar-se alguém bem-sucedido e realizado profissionalmente.
O filme é dramático e inspirador, devo dizer.
Quando o filme começa nos deparamos com uma família normal, aparentemente feliz, mas não demora muito para percebemos os problemas e conflitos que eles estão enfrentando, sobretudo na questão financeira.
Christopher Paul Gardner trabalha como representante comercial exclusivo de um equipamento médico (similar à função de um aparelho de raio-x, mais moderno e mais caro) que, embora sofisticado, teve pouca adesão dos médicos em razão do alto custo e poucas funcionalidades extras. No início as vendas do scaner ósseo foram boas, mas naquele momento o período de auge já havia acabado.
Diante disso, Chris foi ficando com seu estoque acumulado em casa e já estava há três meses sem conseguir vender nenhum aparelho – o mesmo tempo em que o aluguel do apartamento onde a família morava estava atrasado.
O protagonista dessa narrativa dramática é casado e tem um filho de cinco anos (na vida real a criança tinha apenas dois à época). A esposa trabalhava duro, em dois turnos, para suprir as despesas financeiras da casa e da família, mas já estava no seu limite, sentindo-se exausta e sobrecarregada por não ver o marido ser capaz de trazer dinheiro para dentro de casa.
Em razão disso, demonstrava até mesmo desamor e intolerância com ele. Sempre que Chris voltava para casa trazendo seu aparelho médico nas mãos sem vendê-lo, após um longo dia de trabalho e tentativas frustradas, a esposa facilmente deixava transparecer com expressões faciais, físicas e, sobretudo, com palavras duras e incrédulas, a incapacidade profissional dele ou ainda seu pouco empenho real em buscar soluções para os problemas que estavam enfrentando.
Em meio a discussões e falta de compreensão, o casal chega a um impasse terrível e resolve se separar. Chis não aceita ficar sem o filho e por conta disso, o que nós, expectadores, vamos acompanhar numa segunda parte da narrativa é muito mais doloroso que antes, mas trás, de certa forma, acalento e inspiração.
Embora Chris já estivesse em busca de um novo emprego, aos poucos ele percebe que precisa concentrar toda sua força e empenho nisso, já que essa seria sua única saída. Um dia qualquer, em um estacionamento, ele vê um homem com uma Ferrari vermelha e oferece sua vaga, demonstrando interesse pelo trabalho ou profissão que o homem realiza. Ele diz ser corretor da bolsa de valores, chegando a faturar 80 mil dólares por mês. Essa informação faz os olhos de Chris brilharem.
Chris é mais um na multidão. Imagem: Internet.
O cenário era: Chris já não tinha mais qualquer perspectiva com as vendas, já havia perdido o carro, a esposa já o havia abandonado. Ele estava sozinho e com uma criança pequena para cuidar e alimentar, sem um tostão furado no bolso ou lugar para morar.
Poderia ser pior?
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Esse personagem passa por inúmeros desafios, situações de conflito, desalento e aprendizados e nós, do outro lado da tela, sofremos e torcemos juntos.
A situação vai ficando cada vez pior, até que ele e seu filho passam a disputar, todas as noites, uma vaga em um albergue para moradores de rua. Lá também conseguem tomar banho e se alimentar. Porém, em várias noites não conseguem chegar a tempo para conseguir a vaga e precisam dormir em banheiros públicos ou ao relento.
O que é muito interessante na narrativa, entre tantas coisas, é o fato de Chris ser um homem extremamente esforçado e motivado, que quase nunca se entregava ao desânimo. E olha que ele se deparou com situações muito propícias a isso.
O protagonista sonhador manteve firme a ideia de se tornar corretor da bolsa e, com muita insistência, conseguiu, em meio ao furacão que estava vivendo, um estágio não remunerado em uma empresa de corretagem de valores. Nos primeiros meses ele se dedicou árdua e exclusivamente ao aprendizado de como o trabalho funcionava e não recebeu nem uma moeda como pagamento por isso.
Para ele, conseguir emprego como corretor de ações estava relacionado “à procura da felicidade” do título do filme, o que também faria seu filho feliz.
Não à toa, o filme também é focado no relacionamento entre pai e filho, e o desejo que Chis tinha de ser uma figura paterna forte para o menino. Ele faz de tudo para que a criança não perceba a real situação que ambos estão vivendo. Além disso, quer que o filho sinta orgulho dele, não importando as adversidades que a vida lhes impõe. Há um trecho no filme que exemplifica muito bem isso. Vale ressaltar ainda que o filho do protagonista é vivido por Jaden Smith, filho de Will Smith também na vida real.
O filme foi dirigido pelo italiano Gabriele Muccino (O Último Beijo), baseado no livro homônimo escrito pelo próprio Chris Gardner. E o final real não poderia ter sido mais feliz.
Apesar dos maus bocados que passou na vida, a narrativa traz a superação de um homem, que se tornou um milionário conhecido. Segundo consta, uma de suas primeiras conquistas foi comprar uma Ferrari, aquela que o inspirou no início de sua história.
Confira um trecho do filme:
Simplesmente fantástico!!!
O texto nos faz reviver cada momento do filme.. uma curiosidade é que a criança na vida real tinha apenas 2 anos de idade.. “..ainda que uma mãe venha a esquecer do seu filho, Eu jamais o esquecerei” Isaías 49:15
Vemos então, uma figura paterna que coloca o filho como a maior fonte de inspiração e perseverança .. se torna o principal combustível que o faz ir adiante, custe o que custar..
Mais uma vez te parabenizo.. isto sim é arte
Disse tudo e mais um pouco, William. Bela reflexão e belas palavras. De fato, a história é uma inspiração para todos nós. Seja bem-vindo por aqui e obrigada pelo comentário.
Parabéns Juh Oliveira. Mandou Bem!
Esse filme é maravilhoso e emocionante. Prende a atenção da gente do começo ao fim. O ator frisa bem uma situação vivida com um filho muito pequeno que é desafiadoras, tira de letra e vc como sempre explorou bem essa parte!
Simplesmente amei!!!
Obrigada, dona Maria Zita. O filme é uma inspiração mesmo. É fácil escrever sobre alguém que não desistiu, apesar do sofrimento que teve. Inspira a todos nós. Bem-vinda por aqui sempre! 🙂
Este filme é realmente incrível, toca ao coração e vc arrasa com as palavras, vi o filme todinho agora rsrsrs
Obrigada pelo carinho e pela simpatia. Um outro amigo disse a mesma coisa. ^
Beijo, querida!