Texto de autoria da leitora Valéria Vanda Xavier Nunes, professora e escritora. Membro da ALCG
Os momentos que estamos passando atualmente têm nos levado a refletir mais ainda sobre a efemeridade da vida, além de nos fazer redescobrir as nossas fragilidades. Estamos em tempos de pensar bastante sobre como tudo o que dávamos valor pode se perder, ou sofrer transformações diante de tantas perdas, da maldade de alguns em relação ao mais próximo e aos mais necessitados.
Está mais do que na hora de percebermos que a grandeza de tudo está na miudeza; que mais importante que o TER é o SER. Estamos num tempo de olharmos para dentro de nós mesmos e perguntarmos quem nós realmente somos. Que coisas, valores nos interessarão realmente depois que todo esse mal que nos tomou de assalto, enfim, tiver terminado.
Depois dessa crise será que seremos pessoas melhores ou piores? Afinal, estamos aprendendo a lidar com o inevitável a cada dia, a cada hora, a cada instante; com a morte – a indesejada das gentes – como era chamada por Manuel Bandeira no seu poema “Consoada.”
Antes dessa pandemia, ninguém desejava falar nela, na morte. Hoje, ela é nossa vizinha, nos espreitando, querendo nos levar em seus braços. Hoje falar nela tornou-se uma coisa normal e balizadora de nossas vidas. A consciência da morte está nos mostrando o que a vida está nos oferecendo.
A pandemia está nos ensinando a aprender com o sofrimento e a lidar com a dor; é ela, a dor que nos faz crescer. Parece que se não sofremos a vida deixa de ter significado. A dor é quem nos ensina a viver. Dor é aprendizado e não deve ser encarada como drama a partir de agora.
Temos de parar de dramatizar a vida: a vitimização está fora de moda. Temos de acordar para encarar os desafios e o inevitável. A pandemia está nos ensinando que temos de ser menos donos da verdade e mais comprometidos com o outro. Temos que ter um olhar para o coletivo. Temos que reconhecer a nossa insignificância e fazer o melhor que pudermos.
Precisamos mudar a nós mesmos para poder mudar alguma coisa, quiçá o mundo. A solidariedade é o que deve nos mover. Devemos procura viver a vida de uma maneira que faça a diferença para o outro. Para o mundo. Vamos procurar sair da vida, deixando a vida melhor para o outro.
É isto que estou tentando fazer mesmo com a pandemia ainda solta por aí. No entanto, acho que ela teve o poder de trazer muitas coisas “boas” também. Sinto profundamente pelas perdas de tantas vidas, e por tanto sofrimento.
Porém, agradeço a Deus por ter nos livrado, a mim e a minha família, e, sobretudo, agradeço por conseguir em meio a tantos adversidades, finalizar um projeto há muito sonhado.
Desde 2006 faço parte do universo da escrita, escrevendo crônicas – meu gênero preferido – artigos de opinião, poemas, memórias e até me aventurando no gênero ensaios que é a matéria de meu próximo livro.
Graças à pandeia que nos deixou “presos” em casa, finalmente meu primeiro romance foi publicado e com muita alegria, mesmo sem a festa de lançamento em virtude do afastamento social. Este livro foi pensado há muito tempo. Desde criança, observando e ouvindo estórias de família, de amigos; observando comportamentos, pesquisando sobre o tema, senti, num certo momento, que era chegada a hora de passar para o papel, e assim nasceu: “Onde tudo é passado”.
– Leia também sobre o trabalho de Valéria Xavier:
– Resenha do livro “Onde tudo é passado”
– Resenha do livro “Marcas de um tempo”
Foram meses de muita escrita, reescrita, revisões e revisões e revisões sem fim, até que chegou a hora de colocar o ponto final tão esperado. E agora ele está pronto para ganhar o mundo e cair na “boca do povo,” se Deus quiser e eu sei que Ele há de querer. Depois desta execrável pandemia, será lançado.
Espero que em breve possamos nos reunir e comemorar a vida como merecemos!
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