Imagine um jardim tão grande que para percorrê-lo totalmente é necessário muito tempo e dedicação. Aparentemente é um lugar atrativo, mas se tentar enxergar o fundo dele, verá apenas uma escuridão e nada além – várias ervas daninhas matando parte do solo, impedindo o crescimento e desenvolvimento de vidas perfumadas.
Assim como a natureza, nós seres humanos, requeremos cuidado constante.
O livro O Jardim Secreto, da autora inglesa Frances Hodgson Burnett, publicado de forma completo em 1911, conta a história de uma criança indiana órfã, chamada Mary Lennox.
Ela foi enviada para morar na mansão de seu tio corcunda em uma região árida da Inglaterra. Posteriormente conhece seu primo Colin, alguém que se passa por sua cópia masculina em questão de temperamento.
A infância de ambos foi solitária e sem afeto.
Assim como os pais de Mary nunca deram atenção a ela, o pai de Colin o desprezava por ser debilitado como ele. Com isso, as crianças se tornaram amarguradas, mimadas e desagradáveis.
Até que Mary é estimulada a viver como criança de verdade.
Como isso acontece?
Ela começa a brincar pela charneca e explorar a natureza a fim de encontrar um jardim do qual ouvira falar: ninguém havia pisado nele nos últimos dez anos – esse suspense despertou seu interesse.
Após algumas investigações, a Srta. Mary foi conduzida ao tão misterioso jardim secreto. Pegou na maçaneta, girou-a e forçou para abrir a porta. Enfim estava após a porta e então se deparou com um ambiente cinzento e silencioso; parecia não ter vida alguma ali.
Mesmo diante desse cenário, Mary foi tomada por um desejo de ver a beleza daquele lugar.
“Se fosse um jardim vivo que maravilhoso seria, e quantos milhares de rosas cresceriam por todos os lados!” – declarou entusiasmada.
Assim, criou uma rotina de todos os dias ir ao jardim para “trabalhar” – arrancava o mato para abrir espaço em volta dos brotinhos. “Agora as plantinhas podem respirar” – pensava. Plantava, cavava e cuidava do solo. “Durante todo o tempo tinha se sentido feliz…”.
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Com o passar das estações, Colin e Mary ganharam confiança um no outro. Os dois se tornaram amigos íntimos. Ele contou a ela o que perturbava sua alma – o medo de morrer. Quem nunca passou por isso?
Colin nunca andou, nem se sentou por receio de crescer um calombo em suas costas e gritar até desfalecer. Sempre ouvira essas coisas dos criados e isso foi alimentando sua mente.
Porém Mary nunca acreditou nisso. Então o levou até a porta para que também entrasse no jardim e se sentisse vivo, assim como foi com ela. Estando lá, Colin foi tomado por algo maior, por uma verdadeira esperança. Ele gritou: “Eu vou ficar bem! E viverei para sempre, e sempre, e sempre!”.
O ambiente que passaram a frequentar influenciou seus pensamentos e sentimentos. A mudança era notória, os criados ficavam perplexos ao olhar para eles e verem a aparência saudável agora ostentada – nada parecida com a Srta. Mary de rosto amarelo e assustador e o Sr. Colin doente e branco como cera e fraco.
Cuide do seu jardim
Aparentemente elas tinham tudo, mas não tinham nada. Essas crianças eram repletas de coisas materiais, riquezas e fartura. Mas em seu íntimo, vazias. O livro afirma: “Somente pensamentos… podem ser tão bons para um indivíduo quanto a luz do sol, ou tão ruins quanto veneno”.
Não sabiam o que era o amor pois nunca o receberam. Não tinham alegria nem motivação para viver. Até reconhecerem que precisavam mudar, se permitiram ser transformados em seu corpo, alma e espírito. Encontraram um propósito e desejo de viver.
Hoje, esse é o quadro de muitos adolescentes e adultos. Como um jardim, em suas profundezas, estão morrendo. São tomados por insegurança, temor e ansiedade de alma. Diagnosticados com depressão ou com transtornos psicológicos desde jovens. E acabam levando essas mazelas para a vida adulta.
Muitos não conseguem enxergar que há uma porta a ser aberta. A porta para a transformação. A porta que leva à vida.
O livro O Jardim Secreto nos traz muitos ensinamentos e reflexões. Olhar para nossa vida, nossa alma – emoções, sentimentos e pensamentos – como se fosse um jardim é um desafio que exige comprometimento.
A começar com a decisão de passar pela porta.
É preciso escolher enxergar e ser preenchido pela verdade e bondade da vida. A transformação começa em uma mudança interior até se tornar visível em nosso temperamento e comportamento.
“Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará, e sairá, e achará pastagem”, disse Jesus em João 10:9.
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Vale lembrar que o livro foi adaptado para o cinema em dois momentos: em 1993 e em 2020. Esta segunda versão é bem distante do livro (até parece outra obra). Mas para quem tiver interesse, confira o trailer do filme abaixo: