Quando ela nasceu, eu estava longe. Meio desgarrada. Não vi a gravidez, não acompanhei os chutes na barriga, nem enjoos e expectativas dos pais. Mas tempos depois, conferi algumas fotos da boneca com nome duplo. Bochechas rosadas, de cabelos cacheados em Maria Chiquinha e doce sorriso. A Taty carregou no ventre e sentiu as dores do parto, mas foi a tia Beth a sortuda de parecer com ela. 😍
Quando voltei, ela já era uma menina grande. Daquelas que enganam, parecendo mais velha. Mas era só tamanho. Ainda se apresentava criança de tudo e estava vivendo as fases deliciosas e desafiadoras do crescimento. E não são poucas.
Nas conversas e relacionamento que fomos travando, era ainda uma criança buscando referências para a vida que se desenhava diante de si, já instruída sobre o certo e errado à luz da vontade de Deus Pai. E estava atenta.
Certa vez, sua mãe deixou que ela cortasse o cabelo. E brincou: Mas diga para a sua tia Ane cortar apensas dois dedos. Fale que medi o tamanho com a régua.
Ela contestou de maneira tão espontânea:
Mas mãe, isso é mentira. E não pode mentir!
Ainda não entendia metáforas (achei gracioso), mas deixou bem marcado o que havia aprendido com o ensino e exemplo dos pais (achei belíssimo).😍
Certa vez me disse que não queria se casar muito velha: aos 25 anos no máximo. Tinha 12 anos na ocasião e nem sabia de fato o que falava. Agora já caminha para a maioridade. Será que devemos nos preocupar?
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Nem faz tanto tempo assim que parecia uma adolescente cansada (o tempo inteiro, 24 horas por dia, 7 dias por semana rs). Daquelas que se encontrasse uma cadeira fácil, ufa, que alívio! E de uma hora para outra, tornou-se uma jovem sensata, com pés fundamentados na rocha (a rocha certa), querendo viver sonhos a partir do olhar e escolhas do Criador. Coisa linda de se ver!
Quando chego em sua casa, me recebe com tanto carinho e atenção. O abraço é daqueles que me faz querer voltar no dia seguinte. A tapioca com ovo e requeijão é servida com capricho; pergunta se quero café com leite ou Toddy, quente ou frio, com pouco ou mais açúcar; monta a mesa como se estivesse recebendo uma visita ilustre. O amor é mesmo algo que nos constrange!
E depois que tomou gosto pelos livros (e me fez a pessoa mais feliz do mundo), descobriu novos universos. E mais: adentrou alguns deles. E me fez voltar a ser jovem outra vez, na mesma fase das primeiras leituras e descobertas literárias, semana a semana. Até Pollyanna quis sair do livro homônimo para se juntar a nossas conversas.😍
Com tantas narrativas e novas experiências, passou a enxergar mais beleza nas palavras, nas histórias, nas aventuras reais e fantasiosas. E como se tornou uma menina ainda mais sensível e zelosa. Meu orgulho só aumenta!
Ah, que alegria ter essa boneca grande nas retas e curtas da minha existência.
Vê-la crescendo em estatura e graça diante de Deus e dos homens é um presente de Deus a todos nós. E olha que nem merecemos!
Que possamos seguir desfrutando e cooperando com o que Jesus tem para você, menia grande, sua vida, seu destino (até que Ele volte).
Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes por todos nós o entregou, não nos dará graciosamente com Ele todas as coisas?
Te amo, Julia “Maria”.
Posso ouvi-la retrucando agora: É Julia Evellyn!
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Que lindo texto!
Uma narrativa delicada e ao mesmo tempo profundamente cheia de sensibilidade.
Parabéns a escritora.
Obrigada por acompanhar. A menina Julia é graciosa e o relacionamento nos enlaça a cada semana. 🙂
Que lindo texto!!! Me fez chorar…Jesus de fato é muito bom e nos “mima” com os pequenos e grandes presentes nessa vida e como vce mesmo disse, bem merecemos!!!
Que sorte a nossa de que Ele nos dá o melhor e não o que merecemos. O Senhor é bom! 🙂