Texto: Jucelene Oliveira | Fotos: Lucas Santana
Calma! Calma! Embora pelas imagens pareça não são os zumbis da famosa série americana The Walking Dead invadindo São Paulo e causando terror e pânico à população. São apenas entusiastas e adeptos da 14º Marcha Zombie Walk 2019, realizada na capital paulista desde 2006. A caminhada acontece sempre no feriado de finados, em 2 de novembro, e toma as ruas de São Paulo. Começa na Praça do Patriarca, na Sé, (região central), e passa por pontos históricos como o viaduto do Chá e Santa Efigênia. O término ocorre no Vale do Anhangabaú.
Participando da marcha pela segunda vez, o fotógrafo paulista de 34 anos, Lucas Santana, registrou com sua Nikon D7000 e lentes 18-105 e 50mm (e também com um Iphone 8 Plus) o que para ele é um misto de diversão e entretenimento. “O que me atraiu pela segunda vez e me atrai no evento é a criatividade e a dedicação das pessoas que participam dele. Algumas estão praticamente 100% cobertas com fantasias pesadas em um calor de 35 graus e mesmo assim incorporam o personagem do começo ao fim da ‘festa’. Percebi que muitos são cosplayers que também aproveitam a ocasião para network e experiências. Até mesmo para nós, fotógrafos, há um mercado a ser explorado”, disse.
Embora tenha surgido na Califórnia (EUA) em 2001, a marcha se espalhou por várias cidades do mundo. Presente no Brasil desde 2006, a reunião de caveiras e rostos desfigurados de criaturas saídas de “outra dimensão” também já foi realizada em outras cidades daqui. Neste ano, a “festa” também aconteceu em Copacabana (RJ), Curitiba (PR) e João Pessoa (PB), para citar algumas.
Ao ser questionado sobre o que mais lhe chamou atenção na caminhada e na ideia do evento, Santana apontou o trabalho, igualado a de profissionais, em relação às fantasias e maquiagens. “O que destaco como ponto forte é uma composição entre fantasia e atuação. Havia algumas pessoas que incorporavam o personagem, atuavam de fato. Eu busquei sempre enquadrar o personagem como se realmente fizesse parte do cenário, como se entendesse o que ela queria dizer com a fantasia. Na fotografia da garota com o balão vermelho, por exemplo, para mim ela estava ali espontaneamente e achei que o resultado ficou bem legal porque contava uma história”.
Confira algumas das fotos produzidas por Lucas Santana:
Ele ainda ressalta a questão do espaço público e movimentação popular. “Como estava bastante cheio, eu não queria que houvesse interferência de pessoas sem fantasias, por isso, acabei tirando muitas fotos no plano fechado ou contra-plongée”.
Há apenas três anos fotografando profissionalmente, Santana conta que tudo começou na faculdade. Após concluir sua especialização em Direção de Artes (Belas Artes/2019), deu início ao trabalho fotográfico ainda de maneira despretensiosa pelas ruas de São Paulo e algumas praias do Norte de SP e Sul do Rio de Janeiro. “Foi a maneira que encontrei para treinar o olhar e também desenvolver minha identidade como fotógrafo”.
Em paralelo a isso, ele permanecia trabalhando como designer gráfico (sua formação acadêmica) no departamento de marketing de uma empresa, onde cada vez mais se sentia desmotivado pelo trabalho no mundo corporativo. “Na ocasião em que trabalhava como designer corporativo tive um burnout e percebi que precisava me cuidar. A fotografia virou minha válvula de escape”, desabafa.
O fotógrafo conta que se desfez de praticamente tudo que tinha, permanecendo apenas com seu veículo. “A fotografia efetiva começou em 2017 quando fiz uma viagem de carro pelo Litoral Sul do Brasil até o Uruguai (Punta del Este) e acabei fazendo o registro fotográfico de toda a viagem, focando em paisagens e na natureza. Em 2018 fiz outra viagem de carro subindo pelo interior de Minas Gerais e Bahia, depois descendo pelo Litoral até São Paulo. Tive várias experiências extraordinárias, não só fotografando, mas conhecendo pessoas também”, conta.
Uma das alegrias e motivações do artista fotográfico foi também ter participado do concurso “Fhox on the Road – Recife“, destacando-se entre os 10 primeiros finalistas. Para o futuro, o fotógrafo pretende se dedicar a registrar imagens pelas ruas não só de SP, mas talvez participar de algum projeto social fotografando. “Atualmente vendo meus quadros em feiras, galerias e estou desenvolvendo um site e-commerce para otimizar as vendas. Além disso, também estou montando um estúdio fotográfico no qual eu possa unir o processo criativo do design e da fotografia”.
Ele conta ainda que esteve em outros eventos pelas ruas. “Participei de algumas manifestações na Avenida Paulista e Largo da Batata, Bloco do Baiana System no Carnaval e a edição do Zombie Walk do ano passado. Fora da cidade registrei alguns eventos indígenas”.
O trabalho de Lucas Santana pode ser conferido em seu Instagram @estudiolucasantana. Nele é possível conferir fotos de diversos temas, que passam por registros do dia e da noite, museu de arte, cidades e portos, Marginal Tietê, centro de São Paulo, viagens diversas e claro, mais histórias sobre a Marcha Zombie Walk 2019.
Para informações sobre o evento do ano que vem, acesse o site oficial: www.zombiewalksp.com e página no Facebook: facebook.com/zombiewalksp.
Matéria originalmente publicada na revista Fhox, na qual trabalho como jornalista.