Prólogo de ‘Baque’: Noite do desaparecimento

Written by: Baque Literatura

Confira abaixo o Prólogo de “Baque” e sinta o gostinho do que a história propõe nas próximas páginas.

Prólogo

Noite do desaparecimento

O relógio barulhento na parede da lanchonete à beira da estrada marcava 21h32. Era uma sexta-feira de setembro. Havia movimento no local, mas algumas mesas estavam vazias. Débora, sentada sozinha à janela, observava o próprio reflexo no vidro. Era como se estivesse vendo outra mulher. Horas antes, tinha os cabelos escuros e compridos como Carl sempre gostou; agora eram mais curtos, com luzes douradas que lhe conferiam um visual bem mais despojado. Lembrou-se do que disse ao cabeleireiro assim que ele virou a cadeira para o espelho e apresentou-lhe o resultado do corte e da tintura escolhida.

“Nunca mais usarei os cabelos longos e pretos” – sentenciou.

O rapaz ergueu a sobrancelha e limitou-se a perguntar:

– Então, a senhora gostou do resultado? – ele ajeitou o cabelo dela de maneira profissional e comentou. – A cor clara lhe caiu muito bem.

– Gostei, sim. – logo, seus olhos marejaram.

Ela sabia que não era o corte de cabelo que lhe havia transformado numa outra mulher, e sim tudo o que ocorrera nas últimas semanas: as decisões que havia tomado, os fatos que descobriu, as escolhas que fez. Débora tirou os olhos de seu reflexo e continuou olhando para a noite lá fora. Rapidamente perdeu-se em seus pensamentos.

Pouco tempo depois, uma jovem garçonete falava sozinha diante dela. A moça trouxe um cappuccino e colocou sobre a mesa, como Débora pedira ao sentar-se ali. Sobre a mesa estava um celular de capa preta que logo ela precisaria se desfazer. Na cadeira ao seu lado um livro com a contracapa para cima – o mesmo que deixou para trás quando saiu do local às 22h; no chão, a bolsa de viagem que a acompanharia.

Débora tinha o olhar perdido, longe dali. Nesse momento, a garçonete estendeu o cardápio em sua direção.

– A senhora deseja mais alguma coisa? – não obteve qualquer resposta.

Lembrou-se de uma cena do filme Matrix Reloaded, quando Neo conversa com a Oráculo e ela lhe oferece uma bala. O protagonista se mostra indignado com o fato de ela saber qual será a escolha dele e questiona-a de que “se ela sabe a sua decisão, então como poderia ser uma escolha natural?” Na sequência, a mulher sabiamente o contesta: “Você não veio aqui para fazer uma escolha. Você já fez. Veio aqui para entender porquê a fez”.

Mergulhada nesse processo de digressão, tentava entender a decisão que havia tomado há alguns dias e estava a menos de meia hora para concretizá-la. Ela tinha sua vida organizada e feliz semanas antes, mas desde que voltou de viagem fora bombardeada por fatos e circunstâncias que lhe tiraram da normalidade. Alguns dias anteriores da decisão tomada recebera um presente entregue na portaria do prédio onde morava com Carl.

O embrulho trazia um bilhete estranho escrito em post it, assinado por um homem que se intitulava “seu admirador secreto” – alguém que já havia feito parte de seu passado – justamente quando tudo começara.

Ellen Costa

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Para conferir o depoimento de alguns leitores, confira o Instagram da autora @ellencostaescritora.

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Tags:, , , , , , , Last modified: 19 de setembro de 2020

Ellen Costa é o pseudônimo de Jucelene Oliveira, jornalista e escritora. Apaixonada por ouvir e contar histórias. Autora dos livros "Baque: você tem coragem de descobrir a verdade?" e "Crônicas da vida real", ambos disponível em e-book na Amazon. Idealizadora do Arte de Escrever. Instagram @ellencostaescritora